
Chico Xavier
Estreou na semana passada, Chico Xavier, de Daniel Filho. O filme já é um grande sucesso com mais de 800 mil pessoas em menos de uma semana de exibição. É um número realmente impressionante. Foi o melhor primeiro fim de semana de um longa brasileiro desde 1995, o ano da retomada da produção do cinema nacional.
Temos aqui confirmados dois fenômenos de popularidade: tanto o do médium Chico Xavier, quanto do diretor Daniel Filho, o mesmo de Se Eu Fosse Você um e dois, recordistas de bilheteria em 2008 e 2009.
De fato, Daniel Filho é um caso raro de cineasta que sabe agradar o público. E, antes de mais nada, deve-se dizer: é bom demais ver os cinemas cheios para ver um filme brasileiro. Pena que o público anda tão conservador e o fato não se repete mais vezes.
Verdade é que Chico Xavier interessa a quase todos, não apenas aos espíritas. Trata-se de uma figura incomum, rara, que transpirava bondade. Ele falava bem, sujeito preparado, generoso, carismático mesmo usando uma peruca estranhíssima e dono de um jeito afetado. Médium, trabalhava de forma incessante na comunicação e tradução do mundo dos espíritos. Com o tempo, a desconfiança foi diminuindo e suas palavras aceitas pela grande maioria. Chico Xavier tinha forte credibilidade. Era verdadeiramente amado por milhões de pessoas no Brasil e pelo mundo todo.
Chico Xavier, o filme, tem a cara de um produto da Globo. Daniel Filho utiliza recursos fáceis comuns da TV, além de atores bastante conhecidos. No caso, temos como protagonistas Tony Ramos e Cristiane Torloni, que, aliás, são responsáveis pelos melhores momentos do filme. São eles que nos conduzem aos poucos instantes de emoção.
Daniel Filho elaborou um filme estranhamente frio, com raros momentos em que o espectador esquece que está num cinema. Tal qual uma novela banal, pode-se levantar, ir ao banheiro e voltar que nada exatamente estará perdido.
Difícil mergulhar naquela história de corpo e alma, até mesmo pelo desejo do diretor de dar conta de várias fases da trajetória do médium brasileiro, o que resulta num filme rasteiro.
Chico Xavier, o filme, entra para a história do nosso cinema em termos de números e cifras: quantidade de público, renda obtida, etc…, mas, me parece, será brevemente esquecido pelas milhões de pessoas que o viram.
Por Cláudio Marques