Por Luis Fernando Pereira

Uma das estreias da semana, Alvin e os Esquilos 3, de Mike Mitchell (de Shrek Para Sempre) volta aos cinemas trazendo todos os elementos que caracterizaram os dois primeiros longas da franquia, destacando-se, evidente, o contorno musical que mais uma vez é o fio condutor do filme. Esta escolha não é novidade, já que o projeto, nascido em 1958, possuía essa perspectiva quando o cantor e compositor Ross Bagdasarian criou a canção The Chipmunk Song. A partir de então a música dos esquilos tornou-se febre nos Estados Unidos, transformando-se em um marco da cultura pop americana, e que obviamente seria transportado para tantas outras mídias fossem possíveis. Assim, vieram as aparições na TV, programas, livros de canções, desenhos e por fim, o filme.

E esta terceira parte da saga continua apostando no mesmo formato, que mistura animação computadorizada com atores de verdade. Este formato, diga-se de passagem, já ofereceu aos espectadores filmes até razoáveis, como Os Smurfs, mas têm se caracterizado mesmo é por apresentar uma série de outros projetos detestáveis, como o insosso Zé Colmeia. Neste contexto, Alvin e os Esquilos 3 não chega a ser um desastre total, contudo ainda está bem distante de ser um exemplo de como este tipo de animação pode trazer bons frutos.

Entrando propriamente na história, esta terceira parte é inicialmente ambientada em um cruzeiro marítimo. Nele, os Esquilos, as Esquiletes e Dave (Jason Lee) saem de férias. Como é de se esperar, Alvin, Simon, Theodore, Brittany, Jeanette e Eleanor transformam o navio em playground, para desespero de todos que estão a bordo. Depois eles acabam perdidos em uma ilha aparentemente deserta e a partir daí as confusões só aumentam.

A narrativa não é de forma alguma engenhosa, nem ao menos criativa. Trata-se do que geralmente chama-se de mais do mesmo, trazendo sempre as mesmas situações envolvendo os Esquilos. Isso não é necessariamente um insulto, já que é presumível que esta seja a intenção da produção do projeto, afinal, o sucesso que a história vêm conquistando nas bilheterias não sugere – por agora – nenhum tipo de mudança estrutural e narrativa. Mas mesmo com o fraco roteiro, há de se destacar algumas referências até agradáveis que a trama apresenta, homenageando filmes como O Senhor dos Anéis e Náufrago. Sobre este último, há todo um arco construído com base em um dos principais elementos saídos do filme estrelado por Tom Hanks em 2000.

Diferente do seu antecessor, aqui a história não apresenta vilões, muito embora um dos personagens centrais de Alvin e os Esquilos 3 tenha sido o grande vilão na parte dois da franquia. Mas aqui ele acaba não exercendo mais esta função. Bem da verdade, não se sabe precisamente qual função ele agora exerce na trama. E este é um dos muitos defeitos que o projeto possui: não saber exatamente para onde vai. Tal como os Esquilos na ilha deserta, o roteiro do filme também se encontra um tanto perdido, sem uma ideia central bem definida. Não existe um propósito relevante, ficando sempre a sugestão de que a história foi construída sem cuidado algum, tendo como principal meta preencher a tela com os Esquilos cantando. Esta ideia é até compreensível, pois produções assim normalmente são criadas para servir de acompanhamento para um saco de pipocas e uma lata de refrigerantes. Puro entretenimento. Neste ponto de vista, a saga dos esquilos pode até agradar (principalmente a criançada), primeiro por mostrar bichinhos que são plasticamente adoráveis e segundo por saber elaborar muito bem toda uma trilha sonora, fazendo qualquer criança, jovem ou já mais adulto cantarolar junto com os Esquilos.

A trilha sonora é definitivamente o elemento principal da produção. Há todo um trabalho meticuloso nas escolhas das canções, onde nada parece ser aleatório. Tem-se alguns dos maiores nomes da cultura pop atual, como Lady Gaga, Katy Perry e Pink, além de novas febres midiáticas musicais, como o grupo LMFAO. Essas canções funcionam basicamente para atrair públicos ainda mais diversos para as salas de cinemas, além de também alavancar as vendas futuras dos CDs e DVDs do filme.

Alvin e os Esquilos 3 não chega a ser uma animação das piores, possui falhas – muitas por sinal – porém todas elas parecem ser resultados de uma escolha prévia dos envolvidos no projeto. Sua função nos cinemas é entreter um público quase que estritamente infanto-juvenil, ávidos por consumir bobagens de qualquer tipo. Neste sentido, o filme pode mesmo agradar. Mas nada além disso.