Boa tarde a todos,
sou Cláudio Marques nessa coluna semanal do Coisa de Cinema, aqui dentro do Multicultura.
Hoje, último dia do ano, momento propício para um breve balanço do cinema realizado na Bahia. E também para traçar linhas gerais para o ano que se inicia amanhã.
2010 foi um ano interessante para o cinema baiano. Ano que marcou a chegada de uma nova geração ao longa-metragem de ficção. Paulo Alcântara, com Estranhos, e João Rodrigo, com Trampolim do Forte, foram apresentados ao público. Os dois filmes devem entrar em circuito comercial no primeiro semestre de 2011, assim como Filhos de João, de Henrique Dantas e Jardim das Folhas Sagradas, de Pola Ribeiro. Ou seja, quatro longas baianos no circuito comercial, algo raro de acontecer.
Soma-se aí Pau Brasil, de Fernando Bélens, que ainda luta para encontrar uma distribuidora que o coloque no lugar devido, ou seja, junto ao público.
Há uma expectativa muito grande para conhecermos O Homem que Não Dormia, de Edgard Navarro, filme em processo de finalização e que deve circular pelos principais festivais de cinema também no primeiro semestre de 2011.
Em produção para o próximo ano, os longas de ficção Coleção Invisível, de Bernard Attal, e Depois da Chuva, de Cláudio Marques e Marília Hughes. Duas propostas diferentes de realização, mas que possuem potencial para render bons frutos.
Dois longas documentários também serão realizados pelas mãos de Henrique Dantas e da dupla Cláudio Marques e Marília Hughes.
No curta-metragem, três filmes conferiram belo destaque ao cinema baiano em 2010. Carreto, dirigido por mim e por Marília Hughes, ganhou, entre outros prêmios, dois kikitos no festival de Gramado desse ano: o de Melhor Filme e Melhor Roteiro. Desde Superoutro, de Edgard Navarro, realizado há mais de vinte anos, a Bahia não conquistava o principal prêmio nesse festival, que é um dos mais tradicionais do país.
Sarcófago, de Daniel Lisboa, foi considerado o melhor curta no Festival Internacional de Belo Horizonte. E Doido Lelé, de Ceci Alves, ganhou o prêmio de público do Festival Internacional de Cinema Infantil de Florianópolis, entre outros prêmios.
Para 2011, aguardamos o curta de Bruno Saphira, vencedor do edital de cinema da Bahia e também do MINC. E também o curta de Igor Penna, que já deve estar pronto a essa altura do campeonato, pois foi filmado em 2009.
Infelizmente, não temos aqui na Bahia uma política que favoreça o curta-metragem. Enquanto que em Pernambuco e Ceará, por exemplo, temos mais de 15 curtas sendo produzidos ao mesmo tempo, em cada estado, aqui na Bahia não teremos mais que quatro filmes no próximo ano.
Vale lembrar que curta é a porta de entrada no mundo de cinema. É nesse formato que se tem a primeira chance de participar dos festivais, conhecer os cineastas de todo o pais e trocar conhecimento, de uma maneira geral. Não investir no curta-metragem é não apostar na criação de uma nova geração de cineastas baianos. E, de fato, podemos dizer que na Bahia, nesse ano que passou, tivemos a confirmação de alguns nomes (Henrique Dantas, João Rodrigo, Paulo Alcântara, Edgard Navarro, Pola Ribeiro, Daniel Lisboa…), mas eu não percebo, ainda, uma nova geração despontando. Sinto falta de jovens interessados e cinéfilos!
Por fim, quero destacar que no final desse ano emblemático, em que comemoramos 100 anos da primeira produção realizada na Bahia, a Secretaria de Cultura lançou uma caixa com 30 filmes baianos, produzidos entre 1959 e os dias de hoje.
A caixa traz Redenção, de Roberto Pires, Superoutro, de Edgard Navarro, Meteorango Kid, de André Luiz Oliveira, Mr. Abrakadabra, de José Araripe, Boi Aruá, de Chico Liberato, entre outras preciosidades.
Não é uma caixa completa, pode-se questionar a ausência de muitos títulos, mas eu saúdo e encaro a iniciativa como o início de uma política pública voltada à preservação e difusão da memória audiovisual baiana.
Eu, de fato, fiquei bastante emocionado em ver a caixa pronta e sendo distribuída.
Finalizo a coluna de hoje agradecendo a todos que me acompanharam por esse ano aqui no Multicultura.
Desejo um feliz 2011 para todos os ouvintes.
Muita luz e ação!