30.10 - 06.11.2019 SalvadorCachoeiraBahiaBrasil

Ministério da Cidadania e Governo da Bahia apresentam:
XV Panorama Internacional Coisa de Cinema

Panorama 2019

Envelhecer dez anos em dez meses

2019 ainda não acabou, mas quem trabalha com cultura já envelheceu uma década nesses meses. Havia um pacto, que vinha sendo construído desde 2001, após a criação da Ancine. Um marco onde se dizia com todas as letras que o audiovisual é um setor vital para o desenvolvimento do país. Ano após ano, políticas públicas foram pensadas e discutidas à exaustão. Colocadas em prática, cerca de 300 mil trabalhadores se aglutinaram e estruturaram suas vidas em torno dessa atividade.
Mas, esse pacto está sendo desrespeitado, desconstruído e atacado frontalmente. A atividade audiovisual está na UTI. Apesar do sucesso nos festivais mundo afora, em 2019 muitos festivais deixaram de acontecer e muitas produções foram interrompidas. Não sabemos como será o futuro próximo de quem acreditou e se estabeleceu em torno desse acordo. Diversas produtoras estão sendo fechadas, quem pode vai embora do país ou compra uma terrinha no interior.
Nesse cenário de crise, o Panorama completa sua décima quinta edição. Já é possível vê-lo como um adolescente, que sonha em destruir o Dragão da Maldade e ainda acredita em um mundo mais justo. Que quer voar alto como o Superoutro, se desprendendo da mesquinhez que o aprisiona numa sociedade medíocre.
Mas, esse tempo vai passar! Passou o tempo dos militares, de Collor, de outros tantos tiranos e hipócritas. A arte fica!

Por Cláudio Marques

 

Quinze edições de amor ao cinema

Os anos 2000 marcam o início de um contínuo e crescente investimento no setor audiovisual. Foi nesse momento que nasceu o Panorama Internacional Coisa de Cinema. Em 2002, aconteceu a primeira edição do festival (ainda sem nenhum investimento do governo). Naquela época, eu voltava a morar em Salvador após uma temporada em outro país. Eu já alimentava o desejo de ver e fazer cinema, de ser parte dessa comunidade na Bahia e no Brasil. Mas, tudo me parecia distante e improvável. Ao chegar na Sala Walter da Silveira lotada, sede do festival naquela primeira edição, eu encontrei na cadeira do cinema o jornal “Coisa de Cinema”, que trazia uma matéria de capa com o filme que veríamos na tela. Nada menos que “O Invasor”, de Beto Brant. Eu lembro que fui arrebatada por aquela experiência inteira (jornal + festival + filme incrível + debate). Eu percebi que poderia encontrar em minha terra o que eu estava procurando em outros lugares.
Em 2009, eu me tornei coordenadora do festival e passei a lutar por sua consolidação. Em 2019, o Panorama completa quinze edições. O meu maior estímulo nessa batalha de manter o Panorama vivo, ano após ano, é saber o quanto essa experiência tão intensa que um festival proporciona pode ser transformadora para aqueles que, como eu, amam o cinema.
Infelizmente, em 2019, depois de muitos avanços, o nosso setor pode sofrer forte retrocesso. Querem calar a nossa voz. Mas, isso não é possível. Mais uma vez, estaremos reunidos ao longo de oito dias de festival em defesa do cinema e da liberdade de expressão.

Por Marília Hughes

Ageing 10 years in 10 months….

2019 isn’t over yet but those who work in the cultural arena have already aged 10 years! In 2001 a pact was made through the creation of Ancine. It was a bold statement: the audiovisual sector was to be a vital part of the country’s development. Year upon year public policy was articulated and discussed in exhaustive detail. In practical terms, around 300,000 people have gained employment and become integral to this on-going process.
However, this pact is no longer being respected. It is being dismantled and openly attacked.
The audiovisual sector is in dire straits. In spite of notable successes on the world stage, 2019 has seen many festivals cancelled and many projects put on hold during production. We simply don’t know what lies ahead for those of us who believed and invested in this pact. Various production companies have closed down – those who were able to have either left the country or moved to the countryside.
With this crisis as its backdrop, the Panorama festival is celebrating its 15th year. And in many ways the festival is like a teenager, dreaming of destroying the Evil Dragon and still believing in a fairer society; an adolescent who wants to soar like SuperOutro, freeing himself from the shackles of mediocrity.
But, this will pass! We overcame the military, Collor, and all the other tyrants and hypocrites.
Art is here to stay!

Cláudio Marques

 

 

15 years of loving cinema

The first decade of this century marked the beginning of steady growth in investment in the audiovisual sector. This was the period when the International Panorama Coisa de Cinema came into being. In 2002, the first edition of the festival took place (without any government support). After spending time abroad, I had just returned to live in Salvador, hungry to work in cinema and be part of this growing community, both in Bahia and Brasil as a whole. But everything seemed remote and improbable. Arriving at the packed out Walter Silveira Cinema, where the first festival was held, on a cinema seat I came across a copy of ‘Coisa de Cinema’ (‘It’s a cinema thing’) with a front-page piece on the film that we were about to see – nothing less than ‘O Invasor’ (‘The Trespasser’) by Beto Brant. I remember being bowled over by the whole experience (newspaper + festival + amazing movie + debate). I realized that I could find, here in my homeland, what I had been looking for elsewhere.
Ten years ago, in 2009, I became the festival coordinator and began the fight to make it a permanent feature. In 2019, Panorama is now in its fifteenth year. What I find most rewarding in this struggle to keep Panorama alive, year by year, is knowing how transformative such a festival experience can be for those who, like me, love cinema.

Marília Hughes

 

Switch to english